sábado, 10 de julho de 2010

O Brasil na Crise de 1929


Um texto de Jayme Brener sobre a "quinta-feira negra".


A crise de 1929 e o Brasil


O Brasil, como os demais países da América Latina, era no fim dos anos 1920 um exportador de alimentos e matérias-primas. O café representava 70% de nossos negócios com o exterior. O Presidente Washington Luís (1926-1930) costumava dizer que “o café dará para tudo”. As oligarquias de São Paulo e Minas Gerais alternavam-se no governo, no que ficou conhecido como “política do café-com-leite”. Desde 1906, um acordo entre os governadores dos estados de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro – o Convênio de Taubaté – previa que o governo federal garantiria o preço mínimo do café. Quer dizer, os fazendeiros, exportadores e financistas que trabalhavam com café teriam seus lucros garantidos, fosse qual fosse o preço internacional.

Entre 1927 e 1929, as exportações só consumiram dois terços da produção brasileira. O resto foi comprado pelo governo. Isso explica, por exemplo, por que a dívida do estado de São Paulo com bancos estrangeiros disparou de 1,2 milhão de libras esterlinas, em 1892, para 11,9 milhões em 1929.

A quebra da Bolsa de Nova Iorque bloqueou por um bom tempo o maior mercado do café brasileiro, os Estados Unidos. Uma das conseqüências foi o enfraquecimento da oligarquia cafeeira, que abriu espaço para a Revolução de 1930, liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas. O novo governo ordenaria a destruição de 14,4 milhões de sacas de café entre maio de 1931 e fevereiro de 1933, para reduzir a oferta e assim elevar os preços no exterior.


(BRENER, Jayme. 1929: a crise que mudou o mundo. São Paulo: Ática, 1995, p. 15)

2 comentários:

  1. ta e essa treta aí no café ajudou pra reabilitar a economia??
    bjbj
    dessa

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  2. Não muito, mas no curtíssimo prazo não haviam muitas alternativas...
    bjs

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