sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A questão dos refugiados - I


              O assunto domina os noticiários. Com razão; deve ser abordado, pois é urgente e envolve (ausência de) direitos humanos. As recentes tragédias envolvendo refugiados/ imigrantes na Europa tem causas diversas e consequências preocupantes.

            Entre as razões estão fome e condições precárias de sobrevivência, em alguns casos; no mais, as fugas são de conflitos internos, perseguições e guerras civis. Aí vem o cerne do problema: sabendo-se que parte significativa destes refugiados provém de países como Síria, Afeganistão, Iraque e Líbia, é impossível não lembrar que todos eles apresentam graves crises políticas decorrentes do vácuo de poder deixado pela derrubada ou, no caso da Síria, enfraquecimento político de seus líderes. Aí vem o paradoxo: estes eram ditadores que mantiveram com mão de ferro o controle sobre seus países. Com seu enfraquecimento ou derrubada, o Estado Islâmico tem encontrado amplo espaço para se expandir.
            A ironia é que a população, amedrontada, tem fugido para países europeus pela proximidade, sem dúvida, mas tais países foram exatamente aqueles que contribuíram para a derrubada de tais ditadores, através da OTAN e da liderança dos EUA. Tudo no melhor estilo "vocês criaram o problema, agora se virem."
            De tudo, várias são as questões a ser levantadas: tais países, de onde saem os refugiados, eram melhores enquanto ditaduras? Será possível ainda sonhar com democracia neles? E que estas fugas cessem? Com o avanço do EI e, principalmente, com o lucro gerado pelo 'comércio da fuga', estimado em torno de US$ 7 bilhões anuais, é difícil imaginar... Finalmente, será possível conjecturar o ponto que atingirá a xenofobia na Europa? Questões de difícil resposta, mas urgentes.

Em tempo: apostaria em algo ligado a esta questão como tema da redação do ENEM deste ano; não custa ficar ligado!