segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Aproveitando a deixa...

Ainda aproveitando a deixa da Campanha da Legalidade, vamos lembrar/ conhecer um pouco do homem cuja renúncia provocou todo o burburinho que por um lado levou os militares a 'se coçarem' por um golpe e, por outro lado, da parte dos que desejavam o respeito à lei, levou à Legalidade. Ou seja, vamos conhecer um pouquinho de Jânio Quadros.

Foi, em primeiro lugar, um homem de ascensão política meteórica: foi vereador por São Paulo entre 1948 e 1950; lançou-se candidato a deputado estadual por SP e foi eleito como o mais votado, exercendo mandato entre 1951 e 1953. Neste ano elegeu-se prefeito de São Paulo, cargo que exerceu até 1955. Foi então eleito governador do estado, ocupando tal posição entre 1955 e 1959. Em janeiro de 1961, finalmente, já estava assumindo a presidência da República (depois, em 1985 ainda seria novamente eleito prefeito de São Paulo). Ou seja, em apenas 13 anos chegou ao mais alto cargo Executivo da política brasileira.

Podemos afirmar que ele trabalhou para tanto: costumava assinar seu nome em qualquer manifesto, abaixo-assinado ou assemelhado que fosse reivindicação popular; apresentou número recorde em projetos de lei, enquanto vereador e deputado, por causas populares e/ ou trabalhistas, etc.

Por outro lado, não podemos esquecer de outros traços seus, mais pitorescos e que tornaram-se sem dúvida nenhuma, marcas registradas dele, como um estilo todo pessoal de chamar e atrair a atenção do povo, beirando o folclórico. Foram comuns em suas aparições públicas cenas como desmaios; tomar injeções em pleno palanque, durante comícios, quando aproveitava também para tirar um sanduíche de mortadela do bolso e ingerir com apetite copioso em frente ao povo; apresentava-se normalmente em trajes escuros, que reluzissem simuladas caspas pelos ombros; entre outras 'manias', digamos assim!
Aliás, quanto às leis e decretos criados, convém também lembrar alguns, nesta mesma linha: proibiu a realização de provas de turfe em dias úteis, o que fez também com as rinhas de briga de galo. Mais: proibiu os desfiles de misses com biquínis cavados e o uso de lança-perfume no carnaval, além de disciplinar o funcionamento dos jogos de cartas nos clubes...

Enfim, convém lembrar também algumas declarações de Jânio:
  • "Bebo-o porque é líquido; se fosse sólido, comê-lo-ia." (provavelmente um dos últimos a usar a mesóclise!)
  • "Intimidade gera aborrecimentos ou filhos. Como não quero aborrecimentos com a senhora, e muito menos filhos, trate-me por senhor." (quando foi chamado de 'você' por uma jornalista)
  • "Desinfeto porque nádegas indevidas se sentaram nela." (em 1985, aós limpara a cadeira em que Fernando Henrique havia sentado)
  • "Mentira! O som não se propaga no vácuo!" (durante um debate para eleição à presidência, enquanto aplicava um sermão em um candidato e este lhe disse: 'pode falar; suas palavras me entram por um ouvido e saem pelo outro!')
Enfim, figuraça como poucas!
Quanto à renúncia, ele mesmo confessou, no início dos anos 90, que esperava causar uma comoção popular, já que o seu vice reunia alto grau de rejeição, acusado de um esquerdismo perigoso para vários setores, em plena guerra fria. Com a comoção que se seguiria à sua renúncia, Jânio esperava conseguir governar, o que já não conseguia mais após alguns meses. Esperava que um pedido de volta do Congresso lhe desse poderes sobre o mesmo. Porém, nenhuma das duas coisas aconteceu: nem a comoção popular, nem a súplica do Congresso.
Sua saída foi tão tragicomica quanto seu estilo...

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