terça-feira, 22 de março de 2011

Antropofagia no Brasil


Para quem não conhece, Hans Staden foi um aventureiro alemão que viveu no século XVI, e viajava sem constrangimentos para onde houvesse alguma oportunidade de levar vantagens, sobretudo econômicas.
Esteve no Brasil por duas vezes, no início da colonização de nosso país pelos portugueses.
São deles alguns dos relatos mais interessantes a respeito do período, incluindo as descrições dos costumes dos nativos do território ("índios").
Algumas das passagens mais interessantes referem-se à prática antropofágica de alguns grupos tupinambás do litoral brasileiro. Estão no livro Duas viagens ao Brasil:

“Convidam os selvagens de outras tribos para que assistam à cerimônia. Logo que estão reunidos todos os que vieram de fora, o principal da aldeia dá-lhes as boas vindas e diz: ‘vinde agora e ajudai a comer o inimigo’. Os selvagens cantam então a noite toda em volta da choça do que vai morrer e o pintam. Tiram da choça o prisioneiro, que bebe com eles, e, amarrando todo seu corpo, deixam-no ficar ao lado de um monte de pedras que as mulheres jogarão nele, mostrando-lhe, com ameaças, que o pretendem comer. Fazem então uma fogueira a dois passos do homem. Um outro pega o tacape (...). Golpeia-se o prisioneiro na nuca, de modo que lhe saltam todos os miolos (...). Repartem tudo entre si. As vísceras são dadas às mulheres (...). O miolo do crânio, a língua e tudo que podem aproveitar, comem as crianças (...). Tudo isso eu vi, e assisti...”.

Então, deu fome?

Na obra ele também relata a existência de vários animais desconhecidos dos europeus, inclusive com ilustrações, bem como plantas nativas do território e outros costumes considerados pitorescos da população nativa ('indígena').

É interessante comparar este relato dele com a Carta de Pero Vaz de Caminha, com sua desrição 'suave' (mas também preconceituosa e eurocêntrica), quase romantizada a respeito dos nativos por ele (e pelo resto da expedição) encontrados. Claro, fazendo-se a ressalva de que o contexto era outro, bem como as relações entre o europeu e o nativo, absolutamente diferentes. Quer comparar? AQUI está Carta do Caminha.

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