domingo, 26 de setembro de 2010

Outras influências no Brasil Português

Sendo o Brasil do século XVI uma colônia de Portugal, e vigorando na época o chamado "Pacto" Colonial, que tornava o Brasil uma exclusividade dos lusitanos, como é possível explicar a presença/ influência, na época, de holandeses, franceses e espanhóis nas terras tupiniquins?
Vamos por partes:

Em primeiro lugar, a Holanda. Sua intromissão/ influência no Brasil, mais do que consentida por Portugal, foi estimulada. Sendo os flamingos já produtores de açúcar em suas colônias, conheciam e dominavam, já na primeira metado do século XVI, as técnicas de refino do produto. Assim, eles se tornaram os responsáveis não só pelo refino do açúcar produzido no Brasil, mas também pela sua comercialização. Eisso já desde o início da produção do açúcar em nossas terras: a cana foi introduzida no Brasil por Martim Afonso de Souza, que, além de dar início à colonização do Brasil, foi também dono do primeiro engenho de açúcar erguido em nosso país, associado com o holandês Johann Van Hielst (que, talvez pela dificuldade do nome, às vezes aparece na historiografia com o nome de João Vaniste). Ha estimativas de que os holandeses tenham ficado com aproximadamente 1/3 da riqueza produzida com o açúcar.

A França: sua presença e influência no Brasil começa ainda antes da colonização de nossas terras. Ainda no chamado período pré-colonial (1500 a 1530), os franceses aportavam no litoral brasileiro para encher suas embarcações de pau-brasil. Mais tarde, já iniciada a colonização propriamente dita do território tupiniquim por Portugal, os franceses ainda invadiram o Brasil uma vez no século XVI (depois invadiriam novamente, mas já no XVII - a chamada França Equinocial), em 1555, quando se estabeleceram no Rio de Janeiro, dando início à chamada França Antártica. Tal iniciativa contou com o apoio e a aliança com os nativos do local, que ajudaram os franceses a se estabelecer, em detrimento dos portugueses. Os franceses só seriam expulsos do local doze anos mais tarde, em 1567, através da ação do Governador-Geral Mem de Sá, associado a seu sobrinho Estácio de Sá.

Finalmente, a Espanha. A influência espanhola na colonização brasileira foi um caso à parte. Isto porque decorreu de acontecimentos não na colônia propriamente dita, mas na Europa. Com a morte do Cardeal D. Henrique, em 1580, Portugal ficava sem herdeiros para assumir o trono (ele próprio estava substituindo D. Sebastião, que também havia morrido sem deixar herdeiros). Com isso, o rei da Espanha, Felipe II, invadiu Portugal com suas tropas, passando a assumir também o trono do país. Com isso estavam unidas as coroas portuguesa e espanhola, dando início à chamada União Ibérica. Com o rei espanhol dominando Portugal, passava também, por razões óbvias, a dominar as colônias lusitanas, como o Brasil. Tal situação (a União Ibérica) duraria 60 anos, de 1580 a 1640, período em que pouca ou nenhuma alteração substancial ocorreria na política colonial. A mudança maior mesmo se deu com a abolição, por razões óbvias, das resoluções do Tratado de Tordesilhas, o que acabou permitindo o avanço dos portugueses em direção ao oeste brasileiro, em terras que, pelo Tratado, pertenciam à Espanha.

Enfim, com tudo isso, pode-se perceber que, apesar da exclusividade portuguesa em relação à colônia brasileira, a mesma recebeu, no início do período colonial, variadas influências de outras coroas europeias. E isso que só estamos falando no século XVI...

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